Eu fui uma criança criativa. Já contei essa história. Sempre gostei de escrever. Poesias, letras de música, peças, contos, pensamentos. Sabia que meu caminho profissional seria por aí. E acabei no audiovisual. Ficção sempre foi uma paixão. Paixão que virou Trabalho. Quem poderia desejar sonho mais doce?
Só que a criança criativa havia ido embora. Quer dizer, a criança que expressava seus sentimentos pela escrita tinha, há muitos anos, partido. Ainda bem que a sensibilidade permaneceu. Habilidade de sentir e analisar o trabalho... dos outros. Mas tudo bem. Quando pessoas muito generosas das quais serei eternamente grata me escreveram ou me falaram que minhas notas sobre seus trabalhos foram extremamente úteis e generosas, fiquei feliz. Essas não foram palavras minhas. E esse reconhecimento não tem dinheiro que pague. Você quer muito ver o projeto do outro ser o máximo que ele pode ser. E todo o seu trabalho é orientado nesse sentido. E todo o seu trabalho faz sentido. E é tão gratificante quando esses projetos alcançam esse lugar.
Mas eu ainda sentia falta da minha criança criativa. Da criança que escrevia poesia, letra de música, peça, etc. Da criança que era capaz de transformar dor, alegria, tristeza em arte. Fiz de tudo pra me reconectar com ela, mas como não aconteceu, me convenci de que não merecia reencontrá-la.
Só que o universo tem um jeito “estranho” de funcionar. Parei de tentar entender e decidi só aceitar e agradecer. Um universo que tinha planos grandiosos guardados pra mim, mas sabia que eu não estava pronta pra recebê-los. Um universo que me viu tentar, muitas vezes, ser uma pessoa que eu não era, que me viu tantas vezes negar (por medo ou cegueira) ser a pessoa que eu queria ser. E olha que eu recebi muitos sinais, que eu fui ignorando ao longo da vida, por achar que não era merecedora, que não era capaz, que não era talentosa, que não tinha uma voz ou alguma coisa importante a dizer. Ora, veja quanta tolice a minha.
E somente quando eu parei de me debater e abracei o mantra do “o que tiver de ser, será”, quando eu realmente aceitei receber o amor, os elogios e até mesmo as críticas, desde que eu permanecesse honesta comigo mesma, é que o universo - essa coisinha voluntariosa e indomável - resolveu me mostrar o caminho de volta à minha criança criativa. Aquela linda criança que se alimentava de sentimentos e os traduzia em palavras. Aquela criança destemida que lançava corpo e alma no papel. Aquela criança que, mais do que ser ouvida ou compreendida, desejava emocionar, tocar outras pessoas.
Agora ela vai conseguir. Minha vida meio que depende disso. E a dela também. <3
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