segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Precisamos falar sobre PRIVILÉGIOS

E lá vamos nós tirar a poeira desse blog lindudemeodeos! O assunto da vez é PRIVILÉGIOS. Será que estamos prontos para abrir mão de nossos privilégios em prol de uma sociedade mais justa, igualitária e representativa? Como MULHER nesse mercado audiovisual há mais de 10 anos, inúmeras foram as vezes em que me vi numa sala de reunião onde eu era a única mulher presente e inúmeras foram as vezes em que minha opinião teve de ser validada por um homem para valer como opinião. Alguns homens sequer me dirigiam o olhar. Alguns anos (e muita militância) depois, esse cenário foi mudando, mais mulheres nas listas de opções para contração, mais mulheres participando das reuniões em posições de liderança, mais homens entendendo seu papel nesse novo mundo, interessados em ouvir, interessados em mudar. Há ainda, contudo, uma longa caminhada pela frente. Vivemos em tempos no qual homens ainda opinam sobre nossos direitos reprodutivos, nos objetificam, nos violentam física e psicologicamente e até nos matam em nome de seu “direito adquirido”. O machismo estrutural ainda é um problema que requer mais do que apoiar uma causa ou curtir posts feministas. Requer, acima de tudo, vigilância diária, empatia, ouvir mais do que falar, às vezes ceder espaço para dar palco a outras vozes. Vozes essas que tendem a discordar da opinião vigente. Como pessoa BRANCA, coube a mim entender que meu feminismo precisaria abarcar não só outras raças, mas outras classes sociais menos favorecidas e o que mais aparecesse no caminho. E acreditem, muitos dedos ainda se apontarão para mim. Como parte de uma estrutura, é normal que, mesmo vigilantes e empáticos, ainda nos sejam apontados vários dedos. E isso às vezes é bem desconfortável. Mas necessário. O que eu percebo, infelizmente, especialmente em relação a pessoas brancas, cis e, particularmente homens, é que elas, por sempre terem ocupado o topo da cadeia de privilégios, talvez não estejam dispostas a serem incomodadas, a viverem esse desconforto diaria e constantemente. Especialmente se os dedos apontados e questionamentos vierem de pessoas próximas, como um colega de trabalho, um amigo ou mesmo de um ente querido. Quando se está em um lugar em que sua existência, voz ou opinião nunca é questionada ou silenciada, é bem incomodo se acostumar a isso. Mas não é NADA se comparado com a dor desse outro que não tem esse privilégio. Nada mesmo. Eu queria muito entender por qual motivo, nós, do conforto do nosso privilégio, estamos preferindo nos fechar na nossa bolha, ignorando, invalidando ou mesmo desprezando a dor do outro e rindo de banalidades como uma série de brancos babacas exercendo seu privilégio, enquanto o mundo lá fora pega fogo e clama por nossa ajuda, cooperação e empatia. Seria medo de perder os tais privilégios? Ou de encarar, de fato, que talvez não tenhamos merecido esse lugar? Ainda estou pra descobrir... Como mulher, percebo claramente os benefícios da evolução que citei no começo deste texto. E não só para as mulheres. Para a sociedade como um todo mesmo. Melhora o debate público, as relações interpessoais, a saúde mental, e até a economia. E isso não é uma opinião, é um fato. O que me leva a acreditar que evoluir é preciso e o resultado dessa equação nos fará sempre melhores. Aproveito para dividir com vocês, a crítica perfeita feita pela roteirista e presidente da ABRA, mulher, negra, Maíra Oliveira sobre a série THE WHITE LOTUS. Para finalizar essa reflexão, fica aqui o meu apelo: Em tempos de tanta polarização, dialogar também é um ato de resistência. <3

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